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IA Generativa e Ensino Superior: Uma Nova Fronteira Ética e Pedagógica 

  • Foto do escritor: Vanessa Nascimento Cardoso
    Vanessa Nascimento Cardoso
  • 17 de abr.
  • 2 min de leitura

 



A rápida evolução da Inteligência Artificial Generativa (IAG) desafia o ensino superior a repensar práticas pedagógicas e estruturas normativas. Apesar de sete em cada dez estudantes universitários brasileiros já utilizarem IA em suas rotinas acadêmicas a resposta institucional ainda é lenta, fragmentada e carente de diretrizes claras. 


Um estudo conduzido pelo Reglab com 12 faculdades de Direito revelou que nenhuma delas possui políticas formais sobre o uso da IAG. Embora metade esteja desenvolvendo normativas, não há previsão concreta para sua implementação. Apenas 25% dos docentes relataram utilizar IAG de forma estruturada, reflexo direto da falta de capacitação: 58% dos professores nunca receberam treinamento formal. 


Entre os principais desafios estão: desconhecimento técnico, preocupações éticas, riscos à integridade acadêmica, à privacidade e proteção dos dados, a resistência cultural, risco de dependência tecnológica e ausência de regulamentação específica.  


Apesar dos riscos, a IAG apresenta um potencial transformador, na medida em que permite adaptar o conteúdo às necessidades de cada estudante, promovendo inclusão e aprendizagem ativa. Contudo, sem supervisão humana qualificada, esse benefício pode ser superficial e até contraproducente, estimulando o plágio ou inibindo o pensamento crítico. 

Para contornar estes desafios, é indispensável: 


  1. Capacitação de educadores: é eminente a necessidade de treinamento técnico e ético para que docentes possam atuar com autonomia e criticidade, ensinando alunos as práticas recomendadas para o uso da ferramenta; 

  2. Políticas institucionais robustas: que regulem o uso da IA e incorporem diretrizes de segurança da informação, proteção de dados e ética.  

  3. Transparência: sobre o funcionamento dos sistemas de IA e os dados utilizados, permitindo identificação de vieses e correção de falhas. 

  4. Proteção de dados: é essencial que o uso de IA respeite os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo que as informações pessoais de alunos e professores sejam tratadas com segurança, propósito legítimo e transparência. Isso envolve políticas claras de privacidade, medidas técnicas de segurança e uma cultura institucional que valorize a proteção dos dados como parte da formação cidadã e ética no ambiente universitário.  

  5. Inclusão e Acessibilidade: a fim de garantir que o acesso à tecnologia seja para todos e combater desigualdades sociais, através de programas que visem incluir alunos de baixa renda.  

  6. Monitoramento contínuo: acompanhando o impacto da IA na aprendizagem, integridade acadêmica e desenvolvimento dos alunos. 

 

No Brasil, a proposta de regulamentação da IA (PL 2338/2023) caminha para uma abordagem adaptada à realidade nacional. No entanto, enquanto a regulação não avança, cabe às universidades assumirem o protagonismo, encarando a IA não como ameaça, mas como aliada estratégica da educação. 


O futuro do ensino superior passa por uma integração crítica, ética e pedagógica da IA. Mais do que ensinar a usar tecnologia, é preciso formar profissionais capazes de entendê-la, questioná-la e aplicá-la com responsabilidade. 

 

Referências: 

 

 

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